IMPACTO DA SÍNDROME DA APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAOS) NA QUALIDADE DE VIDA DO ADULTO
SILVA J. C. M. Acadêmica Curso de Graduação em Fisioterapia
– Faculdade Ingá, Maringá – PR
BUENO F. C. Docente da Disciplina de
Cardiorrespiratória do Curso de Graduação em Fisioterapia – Faculdade Ingá,
Maringá - PR
INTRODUÇÃO
O
sono é o estado regular de repouso do organismo, atuante na restauração e
homeostasia, essencial para os mecanismos de termorregulação e
consumo de energia (NOAL, 2006). Em média passamos um terço de nossa existência
dormindo, mostrando que o sono desempenha papel fundamental na qualidade de
vida das pessoas. (LOBATO, 2005).
A
SAOS é caracterizada por episódios recorrentes de oclusão parcial ou total da
via respiratória superior durante o sono, onde os esforços respiratórios
persistem, mas o fluxo de ar se encontra ausente no nariz e na boca (STROHL,
2005). Essa repetida obstrução freqüentemente
resulta em dessaturação da oxiemoglobina, microdespertares do
sono e sintomas clínicos (NERY et al., 2006). Estima-se que a SAOS afeta
aproximadamente 2% a 4% da população adulta (STROLLO Jr; FERNANDES, 2000).
Dados laboratoriais mostram ser de 5 a 6 vezes mais comum no sexo masculino com prevalência de 1% a 4% na faixa etária de 40 a 59 anos, e
nas mulheres de mesma idade essa prevalência cai para 2%, porém essa incidência
aumenta com o avançar da idade. A taxa de mortalidade é de 11% a 13% ao ano
para os indivíduos não tratados (LOBATO, 2005). A SAOS é importante causa de
acidentes de trânsito e de trabalho, gerando grande impacto na saúde pública e
na qualidade individual de vida (AGUIAR et al., 2009)
Dentre
as manifestações clínicas da SAOS estão o ronco intenso, as pausas
respiratórias durante o sono, sono não reparador e sonolência diurna excessiva
(TOGEIRO; BITTENCOURT; BAGNATO, 2002), além de xerostomia, diaforese, noctúria,
sensação matinal de garganta seca, cefaléia
diurna, diminuição da libido, impotência, fadiga, alterações de humor e
irritabilidade (PEREIRA, 2007). Outras manifestações são de origem
cardiorrespiratória, que se acredita que surjam a partir de episódios
recorrentes de asfixia noturna e da pressão intratorácica negativa, que juntas
aumentam a pós-carga ventricular esquerda (PHILLIPSON, 2002).
O
diagnóstico definitivo da SAOS é obtido através da polissonografia que
possibilita identificar vários dos parâmetros que se encontraram alterados no
paciente, confirmando o diagnóstico quando a
monitoração apresentar de cinco ou mais episódios anormais por hora de
sono(NERY et al., 2006).
OBJETIVOS
É avaliar o impacto da Síndrome da Apnéia
Obstrutiva do Sono na qualidade de vida
do indivíduo adulto em relação a sua vida
social, familiar e profissional.
METODOLOGIA
O
presente estudo se caracteriza como estudo de corte transversal aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos da Faculdade Ingá sob o
parecer n. 0204/11 CEP-INGÁ.
Participaram
da pesquisa 20 indivíduos que apresentaram diagnóstico comprovado através do
exame de polissonografia e
grau de patologia de leve a grave, ,com idade entre 20 e 69 anos, de ambos os
sexos.
Estes
pacientes foram abordados na Clínica Integrada de Neurologia e Neurocirurgia
(CINN) de Maringá, localizada à Rua Santos Dumont, 719, sendo submetidos à
pesquisa após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .
Foram
excluídos do estudo os pacientes com índice de apnéia
menor que 5 por hora de sono.
Os
instrumentos de avaliação consistiram em uma ficha de avaliação pessoal
contendo nome, idade, sexo, peso, altura, índice de massa corporal (IMC),
circunferência cervical, cor, estado civil, escolaridade, ocupação, prática de
exercícios físicos e forma de tratamento utilizado no momento. A Escala de
Sonolência de Epworth
(ESS) possibilita a graduação da sonolência diurna excessiva. O questionário
SF-36, que possibilita mensurar o quanto a patologia vem interferindo na
qualidade individual de vida dos indivíduos portadores da SAOS.
Os
dados sofreram tratamento estatístico através de teste não paramétrico de Kruskal-Wallis
e para a comparação dos grupos fez-se uso de análise de variância ANOVA.
RESULTADOS
Dos
20 indivíduos avaliados, 60% são do sexo masculino e destes, 20% se encontram
na faixa etária entre 20 e 29 anos, em relação ao sexo feminino 25% se
encontram na faixa etária de 50 a 59 anos.
Dos
entrevistados15% foram classificados como grave e todos eles apresentaram
circunferência cervical maior que 40 cm.
Em
relação ao tratamento, 50% não aderiram a nenhum tratamento e destes, 10% são
classificados como graves e talvez seja por este motivo que os mesmo se
encontrem na faixa de maior gravidade da patologia.
Em
relação ao SF-36 , 85% encontram-se na escala entre 51 a 100 correspondentes
aos domínios de capacidade funcional ,60% limitações físicas ,50% limitações
emocionais e 60% aspectos sociais , esses dados mostram que a maioria dos
indivíduos com SAOS se encontra na faixa da escala superior a 50 que
corresponde o mais próximo da melhor QV.
DISCUSSÃO
A SAOS esta relacionada com a má QV gerando deteriorização dos aspectos neurocognitivos, refletindo negativamente no relacionamento familiar, social ou no rendimento intelectual e profissional (ITO et al., 200). Estudos apontam a correlação entre as variáveis da QV e a sonolência diurna, pois a SAOS interfere no sono, logo, está associada à sonolência diurna gerando perda da capacidade física, aumento na incidência de depressão, ansiedade, irritabilidade, medo, raiva, tensão, uso abusivo de álcool e outras drogas, tentativa de suicídio, fadiga e conseqüente pior saúde (AGUIAR; RECH; KOCK, 2010; MULER; GUIMARÃES, 2007).
Para Haggstram, Zettler e Fam (2009), os estudos atuais confirmam a importância de fatores como obesidade e sedentarismo na contribuição para o aparecimento da SAOS. Em obesos mórbidos a incidência ultrapassa os 50%, sendo o sexo masculino o mais afetado (MANCINI; ALOE; TAVARES, 2000). Este distúrbio do sono quando severo e não tratado apresenta o triplo de risco para doenças fatais e não fatais incluindo infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular encefálico (AVE).
Melhorar a QV dos pacientes com a SAOS é um dos principais alvos do tratamento (JING et al., 2008). Para Silva e Leite (2005), QV é uma percepção única e pessoal relacionada ao estado de saúde e/ou aspectos não médicos da vida e que pode ser medida através de instrumentos cujo propósito é conhecer e comparar o estado de saúde entre populações e avaliar o impacto de certas intervenções, a fim de modificar os sintomas e funções físicas. Deve-se levar em consideração a sugestão do que é melhor ou pior QV para o indivíduo principalmente quando relacionamos diferentes culturas e grupos reforçando também o estereótipo de cada um. A QV é o produto da interação entre as expectativas e realizações de uma pessoa, portanto quanto menor for à capacidade do indivíduo em realizar suas expectativas pior será sua QV. Ainda assim nos é cabível ressaltar que a análise primária do indivíduo sofre mudanças de acordo com o curso da doença (SINZATO, 2005).
REFERÊNCIAS
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AGUIAR, F; RECH, R.E.S; KOCK, K.S.
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F.A. et al. Condutas terapêuticas para
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J; et al. Effect on quality of life os
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da Síndrome da Apnéia
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oi fran.... obrigada por postar...
ResponderExcluiré um assunto tão pouco conhecido, espero que ajude a muita gente....
saudades dessa época de correria....rsrsrsrsr...
saudades de todas vcs....
grande beijo......